Tuesday, December 27, 2005

PORQUE É QUE AINDA DAMOS ERROS!
Escrever bem é uma arte, um dom que nasce com a pessoa: não pode, portanto, aprender-se com simples conselhos e regras. Escrever não é apenas transmitir o nosso pensamento de forma clara e correcta: é também dar á nossa mensagem valor expressivo, coando-a através do nosso temperamento e criando assim um tom pessoal, aquela marca individual a que se chama originalidade.
A verdade, porém, é que poucos nascem “fadados” para escritores e que muitas pessoas, sobretudo os jovens, ainda pouco experientes, têm certa dificuldade em exprimir por escrito as suas ideias e os seus sentimentos. Que fazer para tentar remediar essa dificuldade, que se apresenta tantas vezes como sério obstáculo ao seu sucesso escolar?
Vimos que escrever é uma arte e que, portanto, não pode aprender-se como se de uma ciência se tratasse. Isto não impede, porém, que se procure aperfeiçoar o mais possível a nossa forma de expressão escrita, tentando dar-lhe um mínimo de condições que a tornem transmissora fiel e correcta do nosso pensamento. Para conseguir esse objectivo, poderão utilizar-se técnicas simples e concretas que facilitem a ordenação das ideias, a sua apresentação em frases bem construídas, a clareza e elegância do estilo, etc. Essas técnicas poderão servir de instrumentos de trabalho para os alunos que desejam conseguir um melhor domínio da língua, uma maior pureza de forma e, sobretudo, aquela facilidade de comunicação as exigências da vida tornam indispensável.

MÉTODO DE TRABALHO

Suponha que tem diante de si uma folha de papel em branco, á espera das palavras que terá de escrever sobre determinado assunto.
Siga um conselho: não comece imediatamente o seu trabalho: é muito importante que, para melhor o realizar, obedeça, metodicamente, ao seguinte esquema.

1ª fase: PROCURE COMPREENDER BEM O ASSUNTO

Não comece o seu trabalho sem saber exactamente do que vai falar. Leia mais do que uma vez, se for necessário, o tema que lhe vai proposto. Quando se dispuser a começar, evite o mais possível:
- perder tempo com divagações inúteis;
- dizer a si próprio (como desculpa...) que o trabalho é “Demasiado difícil!”.

2ª fase: REÚNA OS MATERIAIS NECESSÁRIOS

a) Exploro bem todos os aspectos do assunto, reflectindo sobre ele, fazendo a si próprio algumas perguntas. Não pense que “não tem ideias”! Dentro de si há recordações, há a experiência de todos os dias: esteja calmo e confiante, pois as ideias virão!
b) Tome nota (basta uma palavra ou um grupo de palavras) das ideias que lhe forem ocorrendo.
c) Se lhe for possível, faça um esquema que o ajude a descobrir todos os aspectos do tema.

3ª fase: DISPONHA AS SUAS IDEIAS SEGUNDO UMA ORDEM LÓGICA

Assim como não pode construir-se um edifício amontoado ao acaso os materiais, também a sua redacção não deve fazer-se sem traçar previamente um plano que ponha em ordem as suas ideias.
O que é um plano – É a ordem que deverá seguir o seu trabalho. Assim, ele terá de incluir três partes distintas:
- uma breve introdução;
- um desenvolvimento, que é a parte essencial do trabalho;
- uma breve conclusão.

A. INTRODUÇÃO: algumas linhas.

1. Trata-se de uma descrição? de um retrato? de uma narrativa?
- Apresente o objecto, o lugar, a personagem. Exponha rapidamente as circunstâncias gerais.
Exemplo: “Uma feira (uma romaria, uma festa):
Quando? Onde? O que se passou?
“Como acontecia todos os anos, a minha pequena aldeia devia celebrar naquele Domingo a festa do seu santo padroeiro...”
Aplicação: De acordo com este modelo, redija uma pequena introdução para representar:
- uma reunião desportiva
- um acidente de viação a que assistiu.

B. DESENVOLVIMENTO

O seu plano varia com assunto a tratar. Como determiná-lo?
- Veja se ele não está contido no próprio texto do tema proposto.
Exp. Como se manifesta a solidariedade entre os homens na actividade profissional e na vida social?
(Aqui, as duas grandes divisões estão claramente indicadas).
Aplicação: Que plano seguiria para tratar o tema seguinte?
- Há quem afirme que o trabalho afasta de nós o aborrecimento e o vício. Que pensa a esse respeito?
- Se o plano não estiver contido no texto, terá que escolher entre dois tipos possíveis de ordenação das suas ideias:
- a ordem cronológica
- a ordem lógica
Ordem cronológica (de “ohronos”: Tempo)
Segue a ordem dos acontecimentos.
É a ordem que se impõe, em geral, na narrativa.
Conselho prático: Agrupe os factos de modo a que se distingam bem os momentos da acção. Numere as várias divisões.
Explicação 1: Uma ida ao cinema
- grandes divisões do exercício (capítulos I, II, III)
- subdivisões (parágrafos 1,2...............,1,2,3,)

I.- Antes do espectáculo
1. Os preparativos
2. A entrada na sala
II.- O desenrolar do espectáculo
1. As actualidades
2. O intervalo
3. O filme em si
III.- Depois do espectáculo
1. A saída do público
2. Os comentários trocados
3. As minhas impressões
Aplicação: Faça o plano que seguiria para tratar o seguinte tema:
- Relato de uma visita de estudo.
Ordem lógica
Trata-se de agrupar as ideias segundo a sua categoria, e depois ordená-las de tal modo que a composição se encaminhe progressivamente para a sua conclusão.

Exp. 2: Que prefere? Ler um livro ou ver um filme?
Compare antes de responder
I.- O romance
1. Gosto:
- Liberdade de imaginação
- Possibilidade de reler um capítulo que me agrada
2.-Não gosto:
- esforço de reflexão
- longas descrições
II.- O filme
1.- Gosto:
- Acção viva
- Personagens reais
2.-Não gosto:
- Sala barulhenta
- Ritmo demasiado rápido
Em conclusão: prefiro o ........ por esta ou aquela razão.

Exp.3: Os benefícios do desporto
I.- Favorece o desenvolvimento físico
1.- saúde
2.- agilidade
3.- força
II.- Fortifica o carácter
1.- audácia
2.- vontade, tenacidade
3.- solidariedade, espírito de equipa
III.- Desenvolve a inteligência prática
1.- rapidez na concepção
2.- rapidez na execução
Aplicação: Faça o plano que seguiria para tratar cada um dos temas seguintes:
a) O papel da electricidade na vida moderna
b) A importância da televisão como veículo de cultura

A CONCLUSÃO

1. Pode focar o desenlace de uma narrativa.
2. Pode apontar a moralidade de uma fábula, por exemplo.
3. Pode resumir a impressão geral da composição.
4. Pode exprimir os seus sentimentos, as suas emoções.
5. No seguimento de uma discussão ou de uma comparação, pode definir o seu ponto de vista pessoal

APLICAÇÃO

Proponha uma conclusão para uma composição que tratasse dos dois seguintes temas:
a) Prefere passar férias á beira mar ou na montanha? Porquê?
b) Aponte os benefícios do desporto para um jovem da sua idade.

1 Comments:

Blogger Francisco Brardo said...

Já agora, porque não falar nas telenovelas, no Big Brother (não no de Orwell, mas no da TVI) e de outro lixo televisio)!
A situação dos erros é como tudo em Portugal... Cada país tem o povo que merece, mas nem Portugal merece este povo!
Mas fora de brincadeira, a evolução da lingua resulta da forma como é escrita e falada em determinada época histórica, logo o que é hoje um erro é a forma de escrever de amanhã... não há-de faltar muito para se escrever á-de (sem h) ou mesmo áde (sem h nem -), ou quaisqueres, ou outras quaisquer mutações linguísticas.
Não foi assim à tanto tempo que comercial se escrevia commercial e farmácia se escrevia pharmácia, logo não há (com h) grande problema.
Principalmente num país com tão elevada taxa de iletracia (ou será elitracia, ou mesmo eletracia, ou ainda ilitracia), pelo que ja é muito bom os portugueses saberem escrever, mesmo com erros!

4:27 AM

 

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